quinta-feira, novembro 9

Como e porquê?

Morrer para dar VIDA!

A leiga missionária Idalina e o P. Waldyr, mortos em Moçambique é uma notícia que faz pensar qualquer um de nós, missionários e missionárias. Para algumas pessoas, a vida missionária de entrega total para a felicidade dos outros é um absurdo. Ainda mais quando se recebe como "recompensa" a morte. Dá que pensar. Afinal... não deveria ser ao contrário? Não deveriam os missionários ser agradecidos pelo bem que fazem a estas pessoas? Que absurdo... não tem lógica!
Porém, para nós que vivemos esta vida de entrega, situações como esta dão ainda mais vontade de partir. Não! Não somos nem sou maçoquista! Muito menos louco! É uma atitude de vida que perante qualquer situação de morte, grita dentro de nós para que a VIDA vença. Não é mais nem menos que seguir o exemplo de Jesus. DAR A VIDA, até ao martírio se for necessário. Nada grita mais forte pela VIDA desejada por Deus para todos do que uma morte assim ocorrida. Uma morte assim só grita ainda mais forte que vale a pena dar a vida. Será talvez a expressão mais forte de que tantas vezes, para que haja VIDA, é necessário morrer.
Não faltarão muitas pessoas amanhã no funeral da Idalina em Aguiar da Beira. Não faltarão as mensagens de apoio e de um obrigado à Idalina e ao Waldyr pelo exemplo das suas vidas entregues gratuitamente pelo bem dos outros. Aqui fica também o meu obrigado para eles!

Deixo aqui também o testemunho da Fátima Rodrigues, também ela leiga missionária para o Desenvolvimento:

Olá a todos!
Desde que soube da morte brutal da Lina que não paro de pensar no assunto:
Primeiramente foi a brutalidade e a crueza dos acontecimentos. Mas depois comecei também a reflectir melhor como a Idalina e o o P.Waldyr deram, de facto, a sua vida. Deram a sua vida por quererem servir os outros. Estavam na missão de Fonte Boa para isso mesmo (mesmo sabendo que havia riscos reais...).
E morreram por causa disso: por quererem trabalhar com os mais pobres com o objectivo de virem a ser eles os construtores duma existência mais digna.
Na sua crueza e brutalidade, estas notícias têm então também o seu lado de luz:
Desde ontem que me sinto mais “Leiga para o Desenvolvimento” e, com uma especial vontade de voltar a Africa e de trabalhar com aqueles que, por razões várias, continuam a ser vítimas da violência atroz seja ela desencadeada desta forma brutal, seja sob a forma da mais variada corrupção que teima em excluir, de todas as oportunidades, os mais frágeis.
A todos quantos partilharam comigo a tristeza das gentes da província de Tete (norte de Moçambique) e da humanidade em geral pela perda desta colega “Leiga”, o meu “obrigada”.
Para os que, vivem e trabalham na convicção de que há valores que não morrem.... vai o pedido duma prece junto do Deus da Vida pela Idalina, pela sua família e amigos e por esta grande família dos "Leigos para o Desenvolvimento" que desde ontem escreve uma das páginas mais dolorosas da sua história.

Um abraço muito amigo.
Fátima Rodrigues (Leiga para o Desenvolvimento)