domingo, fevereiro 17

Quénia: ponto da situação a esta data

Os dois partidos rivais do Quénia em disputa pelo resultado das eleições de 27 de Dezembro 2007 acordaram em estabelecer um painel independente para rever o processo eleitoral das eleições, declarou Kofi Annan na passada sexta feira, numa conferência de imprensa em Nairobi, a meio das negociações levadas a cabo durante esta última semana num local desconhecido pela comissão de mediadores que ele mesmo chefia.


O ex-secretário geral da ONU referiu, no entanto, que o possível acordo de partilha de poder não foi ainda finalizado.
A oposição acusa o Presidente Mwai Kibaki de ter "roubado" o resultado eleitoral. A disputa levou a protestos, nos quais pelo menos cerca de 1000 pessoas foram mortas e 600 mil tiveram que refugiar-se e deixar as suas casas.


"Muito perto"
O painel independente, incluindo peritoas quenianos e não quenianos, irá investigar "todos os aspectos" das eleições disputadas, disse Annan (ver aqui reportagem da Nation TV do Quénia - inglês e da BBC).
A comissão deverá começar o trabalho no dia 15 de Março e deverá submeter um relatório dentro de 3 a 6 meses, acrescentou.
"Estamos lá, estamos muito perto, proseguimos os trabalhos com firmeza", disse Annan, depois de dois dias de conversações secretas para acabar com a crise.
Kofi Annan deverá encontrar-se com Kibaki e o lider da oposição do partido ODM, Raila Odinga, na próxima segunda feira.
A correspondente da BBC Karen Allen em Nairobi diz que as equipas de mediadores de ambas as partes terão acordado num princípio de partilha de poder mas os detalhes da mesma terão ainda que ser trabalhados.
A comunidade internacional está a pressionar para um acordo que veria Odinga formar uma coligação com o Presidente Kibaki.
Na quinta feira, o negociador por parte do governo Mutula Kilonzo disse que as duas partes teriam acordado em rever uma nova constituição dentro de 1 ano.
Isto poderá abrir caminho para a criação do cargo de primeiro ministro, que Odinga ocuparia; porém a equipa da oposição diz que o assunto de partilha de poder terá de ser resolvido primeiro.


Ponham fim à crise
O correspondente da BBC em Nairobi diz que outros detalhes a ser ainda trabalhados são a divisão das pastas ministeriais no governo de grande coligação.
Durante as conversações, o ministro dos negócios estrangeiros alemão, Gernot Erler, falou com as duas equipas sobre a forma como a grande coligação governamental poderia trabalhar durante o período de partilha de poder. Ele falava a partir da experiência que a própria Alemanha teve de um governo do género há umas décadas atrás.
Espera-se que as equipas de mediadores recebam mais indicações dos seus líderes durante este fim de semana antes de voltarem a reunir-se para continuar as negociações na próxima terça-feira.
A secretária de estado norte-americana Condoleezza Rice deverá chegar ao Quénia já amanhã, segunda feira, para precionar ambas as partes a alcanzar um acordo governamental (ver aqui reportagem das declarações de George W. Bush sobre esta visita - da BBC em inglês)
Anann expressou optimismo ao esperar que a solução política que acabe com a crise será alcançada dentro de 3 dias. Disse ainda que será muito perigoso querer levar o país a eleições novamente num período de pelo menos 1 ano.


Polícia acusada
Diplomatas estrangeiros avisaram os representantes de ambas as partes de severas consequências caso não honrem o processo de negociação e falhem a solução para o problema.
Mas a ministra da justiça queniana, Martha Karua, que lidera a equipa do governo nas negociações, pediu aos diplomatas estrangeiros para acabarem com as suas ameaças uma vez que o Quénia percorre o seu próprio caminho.
"Gostaria de os recordar que não somos uma colónia e devem permanecer na convenção diplomática de não interferir com estados suberanos", disse Karua aos repórteres logo que chegaram a Nairobi das negociações desta semana (ver aqui declarações de Martha Karua - Nation TV - Quénia em inglês).
Entretanto, activistas dos direitos humanos acusaram a policia de "dormir no seu trabalho" por alegadamente falharem na investigação de suspeitas de comportamentos criminosos por parte da Comissão Eleitoral Queniana (ECK).
Apresentaram uma lista ao procurador geral de 22 nomes da comissão eleitoral e outro "staff", que, segundo os activistas, terão estado envolvidos na falsificação dos resultados eleitorais, subvertendo a lei de direito e falhando as suas responsabilidades durante as eleições de 27 de Dezembro (ver reportagem da Nation TV, Quénia - em inglês)
Observadores eleitorais internacionais dizem haver inumeras discrepâncias na forma como os votos foram contados e depois anunciados.
Grupos de direitos humanos pediram ao governador geral para ordenar a investigação e avisaram que se os seus pedidos são ignorados optarão por um processo judicial.
Fonte: BBC

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