sábado, fevereiro 14

Fome no Quénia 1

Agnes Ekelan - "Só posso comer se vender a lenha!"

Agnes Ekelan, uma mulher turkana, é apenas uma das pessoas que enfrenta a crise alimentar no Quénia. Estimativas dizem que são cerca de 10 milhões em todo o país. A razão desta crise alimentar é uma combinação de factores: uma falha total nas colheitas devido à falta de chuvas e seca, preços elevados dos alimentos e o efeito dos confrontos pós-eleitorais no início de 2008 que não permitiram o cultivo dos campos, cortando para menos de metade a produção de milho, alimento base no país.

No dia 16 de Janeiro, o presidente declarou esta crise alimentar um desastre nacional e apelou os países desenvolvidos para a necessidade de 300 milhões de euros para enfrentar as necessidades alimentares dos 10 milhões de pessoas em risco. Normalmente o Programa Alimentar Mundial alimenta 1.4 milhões de pessoas e o governo queniano outro milhão. Mas esta crise alimentar afecta muitíssimas mais pessoas.

Pobre, viúva e faminta
São estas três palavras que definem a vida de Agnes Ekelan, uma mulher turkana que vive numa aldeia perto de Lodwar, a capital árida do distrito Turkana, noroeste do Quénia. À medida que o país enfrenta a crise alimentar, Elekan e centenas de milhares de pessoas noutras regiões afectadas pela seca agonizam diariamente não sabendo onde e quando encontrar a próxima refeição.
Elekan não sabe a sua idade, mas aparenta estar perto dos 50 anos de idade. Este testemunho foi concedido à IRIN no passado dia 7 de Fevereiro.

"Tenho 6 filhos; o meu marido morreu há vários anos de modo que tenho sido só eu a alimentar as ciranças. Porém, no último ano, tem-se tornado cada vez mais difícil alimentá-los pelo simples motivo de que não há comida.!

"Caminhei os 7Km desde a nossa aldeia de Naotin até Lodwar carregando um molho de lenha e algumas vasouras (pequenas escovas feitas de material local) para vender. Desde que cheguei aqui ontem, não comi nada porque não consegui vender a lenha; deixei as crianças em casa sem comida; tenho que conseguir vender a lenha hoje ou não como e não terei nada para levar para casa."

"Agora vou até ao pequeno mercado onde alguns vendedores vendem peixe esperando apenas que uma alma caridosa me dê a parte das espinhas..."

"No passado, era mais fácil conseguir encontrar comida porque os vendedores de outras partes do país traziam vegetais, fruta e cereais, tal como milho e feijões para vender aqui em Lodwar; mas desde a violência (pós-eleitoral) no ano passado, estes produtos começaram a ser poucos, imagino que por causa dos vendedores deixarem de vir aqui. Se se conseguem encontrar são muito caros e o pouco dinheiro que consigo ao vender a lenha não é sequer suficiente para um pouco de farinha."

"Eu continuo a perguntar-me: se não conseguir vender a lenha, onde vou conseguir comida? Não tenho sequer forças para regressar a casa. O governo ou alguma pessoa rica tem que vir ajudar-nos! Estamos a morrer aqui em Lodwar!"

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1 Comments:

At 16 fevereiro, 2009 15:46, Blogger na ponta da língua said...

Estes testemunhos só nos mostram como este mundo pode ser tão belo e tão crule. Só nos mostra a felicidade que temos e não damos conta. Só nos mostra o desperdício que fazemos. Só nos mostra a necessidade que tanta gente tem de um pouco da nossa ajuda.
Coragem, Pe Filipe! Transmita as nossas palavras e orações a essa gente necessitada de Deus e de pão.

 

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