terça-feira, setembro 26

Polémica Papa vs Islão

Depois de um longo período de ausência, estou de volta.
Não resisto a publicar aqui o meu comentário ao director de Diário Digital pelo seu editorial de 25 de Setembro 2006.

Aqui vai:

Estimado Filipe Rodrigues Silva,
Recebo diariamente o Flash DD. Assiduamente leio o espaço editorial que escreve, muitas vezes concordando com o que escreve.
Porém, a propósito do editorial “Factor QI” deve dizer-lhe que discordo de muito que escreve.
É verdade que sou padre católico e missionário e isso possa “envenenar” a minha opinião. Mas garanto-lhe que não defendo o Papa ou qualquer personalidade eclesial, instituição religiosa católica num “carneirismo religioso e de fé”. Por isso creio poder dizer e comentar o seguinte:

1º Vivi no Quénia durante 5 anos (1997-2002); País maioritariamente cristão (não católico mas protestante), mas com um grande número de irmãos e irmãs muçulmanos. Conheço, por experiência própria, a mentalidade e a cultura, ainda que num ambiente não propriamente e puramente muçulmano;

2º Sofri na pele o atentado terrorista à embaixada dos EUA em Nairobi, no dia 5 de Agosto de 1998. Estava no local. Felizmente as consequências para mim não foram além de umas semanas de sobressalto e de trauma cada vez que soava um ruído mais forte como o bater de uma porta ou uma janela. Menos sorte tiveram as mais de 350 pessoas que pereceram e os mais de 7000 feridos, alguns para toda a vida;

3º O discurso do Papa não foi só o de um chefe de estado onde a diplomacia deve imperar. Foi o de um chefe religioso que, no contexto total do seu discurso, deve, repito, deve afirmar o que está e o que não está correcto. Por isso não considero que seja um erro diplomático da sua parte. É uma exigência da fé em que se acredita de um Deus de Amor que não contempla actos de violência alguns. A exemplo de Jesus Cristo… não foi diplomático para com as autoridades religiosas judaicas e civis romanas que justificavam com a fé os seus comportamentos e condutas erróneos e contra a natureza humana. Denunciou-os e ensinou: “Não está correcto!”

4º Tirar a frase do discurso que leu do seu contexto e explorá-la como o estão a fazer muitas facções radicais muçulmanas é o mesmo que eu pegar na frase do seu editorial “O Papa tornou-se um aliado imprevisto dos extremistas islâmicos” e começar uma campanha de difamação e exigir da sua parte um pedido de desculpas porque está a ofender o Papa. E se eu agora lhe exigisse esse pedido de desculpas? Mas aquilo que fez afinal foi um termo de comparação. Ou quer mesmo dizer que o Papa conscientemente é um aliado dos extremistas islâmicos? Eu tenho o bom senso de entender o que quer dizer e contextualizar o que quer dizer com esta frase. É o que não fazem os extremistas islâmicos e diga-se, muitos meios de comunicação social não islâmicos, ao “explorar até ao tutano” esta questão para tirar os seus dividendos… e, esses sim, incentivar ainda mais a desmesurada reacção por parte dos islâmicos radicais.

Portanto, não considero que tenha sido um erro diplomático essa frase nesse contexto. Mais, não considero que o Papa necessite de um “Factor QI – Quem Indique” porque ele já o tem. Ou pensa que algum texto ou alguma declaração em qualquer questão social, médica, política, etc., sai do Vaticano sem passar “pela peneira”? Fique sabendo que, reconhecido por vários diplomatas, a formação e escola diplomática do Vaticano é das melhores no mundo.
Aquilo que aqui está em questão é verdadeiramente uma questão do que é ou não é correcto. Ou teremos nós que “acobardar-nos” e não dizer a Verdade só por medo das consequências que daí podem advir? A busca do bem, da justiça e da paz passa muitas vezes também pelo martírio, pela denúncia aberta e corajosa do que não está correcto. Foi isso que o Papa fez. Sem mais nem menos. A diplomacia não pode comprometer a Verdade. A Igreja foi profética e denunciou a Verdade até quando não era religião de estado. Era livre, fiel ao dinamismo e lógica de amor e busca de justiça e paz tal como Jesus o pediu a quem o seguisse. Com Constantino a declarar a religião cristã religião de estado essa veia profética da Igreja perdeu-se por muitos séculos. Pouco a pouco vamos acordando agora na Igreja para voltar a essa raízes de busca da Verdade, da paz e do bem tal como as pediu Jesus. Talvez com este gesto e estas palavras a Igreja, desde a sua cabeça e pastor se estejam a tornar mais proféticas e de não comprometer a Verdade com medos e com falácias diplomáticas. Talvez tenha chegado a hora da Igreja voltar ao Martírio como testemunho da fé e da Verdade – o “Factor MP – Martírio Profético. O Papa deve manter a sua viagem à Turquia neste contexto!

Com estima e consideração,

P. Filipe Resende

quarta-feira, setembro 6

Leituras

A economia Invisível

"No seu último livro, Susan Strange, uma economista britânica, mostra que a corrupção e o dinheiro da droga têm um papel provavelmente reduzido quando comparado com uma outra forma de corrupção, ou seja, todas as estratégias utilizadas pelas multinacionais para escapar aos impostos. Por exemplo, se uma empresa tem a sua sede oficial nas ilhas Virgens britânicas, isso não se chama corrupção. Uma multinacional pode escolher o país para onde transfere os seus lucros: a isso chama-se optimização fiscal. Arranja uma forma administrativa de pagar as suas taxas no país onde os impostos são mais reduzidos. É corrupção, mas legal. A corrupção legal é um tema de investigação interessante, mas pouca gente se dedica a ele porque se estende até aos centros de poder. Estima-se que cerca de 50% do dinheiro da droga passa por bancos americanos. Dito de outro modo, os bancos americanos branqueiam metade do dinheiro do narcotráfico. Há formas de pôr termo a este fenómeno, e de facto tentou-se fazê-lo, no início dos anos 80.
Nos Estados Unidos, quando uma grande soma é depositada num banco, esta deve ser objecto de uma declaração junto às autoridades federais. De modo que deixa um rasto escrito. Por volta de 1980, os procuradores federais de Miami aperceberam-se que havia um afluxo de dinheiro aos bancos da cidade. lançaram uma operação "greenblack" (nota de banco), uma investigação criminal visando detectar os bancos que faziam circular o dinheiro ilegalmente. Nomeado «czar da droga» sobre a administração Reagan, George Bush pôs rapidamente cobro a essa operação. George Bush, que falhou a candidatura americana para as eleições presidenciais de 1980, foi escolhido como vice-presidente pelo seu adversário nas primárias, Ronald Reagan. Nesse cargo, tomou sob a sua alçada diversos domínios, entre os quais a desregulamentação federal e a luta contra a droga. Eleito presidente dos Estados Unidos em 1988, George Bush retomou por sua conta os princípios da «guerra contra a droga» decretada por Reagan.
A informação foi publicada por, pelo menos, um repórter muito conhecido, Jefferson Morley, mas os políticos não querem lutar contra os bancos."

In Duas Horas de Lucidez, Noam Chomsky. Editorial Inquérito, 2002, pp. 85-86.

sexta-feira, setembro 1

UGANDA - Um passo para a Paz

O Governo ugandês e o Exército de Resistência do Senhor (LRA na sigla em inglês) assinaram um cessar-fogo a 26 de Agosto, em Juba, capital do Sul do Sudão.
As negociações de paz iniciaram-se em Julho e foram mediadas pelo vice-presidente do Sul do Sudão.
Para uma fonte católica de Campala, «é uma esperança concreta de paz, mesmo que seja necessário alguma prudência porque o caminho para um acordo definitivo permanece ainda muito longo.»
O conflito no Norte de Uganda arrasta-se desde 1987. A guerra civil já fez milhares de mortos e cerca de dois milhões de deslocados.
O LRA, fundado por Joseph Kony, age com muita violência e espalha o terror a partir das bases na RD Congo e no Sul do Sudão. O grupo rebelde também é acusado do recrutamento forçado de milhares de crianças e adolescentes para serem utilizados como combatentes ou escravas sexuais. Alguns missionários combonianos foram vítimas dos seus ataques.
Os dirigentes do LRA são procurados pelo Tribunal Penal Internacional e tentar negociar a sua imunidade em troca do acordo de paz.

ALÉM MAR | SETEMBRO


NO CENTRO DA TERRA

Dois enviados de Além-Mar aprentam na edição de Setembro uma viagem de 15 dias ao Gana, Togo e Benim. Desde o drama do tráfico de escravos ao trabalho de desenvolvimento que os combonianos ali realizam.

Outros temas desenvolvidos:

Mina de ouro e escravos. São Jorge da Mina, a primeira feitoria portuguesa na costa ocidental da África, foi também o primeiro entreposto de escravos da era moderna. Fica na Costa do Gana.
Cuidado com os autocarros! Crónica de uma viagem ao Norte do Uganda: «Cheguei chocalhado, apertado, picado. Mas o maior risco da aventura foi mesmo o autocarro!»
Mais uma tentativa de paz. As conversações entre o Governo do Uganda e o LRA de Joseph Kony a decorrer em Juba, no Sul do Sudão, são vistas como a melhor oportunidade em muitos anos de pôr fim ao conflito.
Gente solidária. A região do Volta foi o local escolhido pelos missionários combonianos para se fixarem, quando há três décadas deixaram o Uganda e o Sudão. O padre Francisco Machado faz o ponto da situação numa entrevista.
O infinito prazer de pintar. Pintor, escultor e poeta, o moçambicano Malangatana Valente Ngwenya é um dos expoentes máximos das artes plásticas africanas.
No topo da perseguição religiosa. Protectora dos mais sagrados santuários do Islão, a monarquia saudita dispõe de uma polícia especial que persegue muçulmanos e cristãos.

Além-Mar traz ainda as rubricas habituais de opinião e actualidades.

Miséria em Vilamoura



Foi no dia 25 de Agosto...
Passei de férias pelo lugar do Jetset lusitano...
Barcos de luxo, hoteis opulentos, roupa caríssima (aprecei uns calções a 110.00€!!!), tudo do bom e do melhor...
Também não faltou do mau e do pior como documenta este video na marina de Vilamoura.
E de certo que não é culpa de "Deus Amor"... É tua e minha!
Haja vergonha na cara para tanta desigualdade!

É pena fazer a minha reentré assim, mas... aqui estou de novo de regresso ao "pica boi"!