segunda-feira, março 3

Quénia: Annan deixa Nairobi, confrontos no oeste do país

O enviado da União Africana (UA), Kofi Annan, deixou ontem o Quénia depois de ter concluído a sua missão de mediador entre o presidente Mwai Kibaki e o líder da oposição Raila Odinga e de estes terem assinado na quinta feira passada um acordo para criar um governo de coligação, pondo fim à crise pós-eleitoral que lançou o país na instabilidade por quase dois meses. Na última noite, registaram-se confrontos no oeste do país que provocaram pelo menos 12 mortos.

À partida
No momento da partida, Kofi Annan disse que esta "era a hora de mútuas saudações" pelos sucessos alcançados. O ex-secretário geral da ONU tinha chegado ao páis no dia 22 de Janeiro último para liderar um grupo de negociadores de alto nível da UA. "Estou muito contente, disse, pelo que conseguimos, mas está ainda por percorrer um longo caminho e espero que todos vós vos empenhareis no sucesso deste caminho. Todos queremos que o Quénia retorne à estabilidade, à paz, prosperidade e acolhimento."
Annan assegurou que continuará a seguir o processo político do país e que está disposto a voltar se tal fosse necessário. Dos mediadores enviados pelo organismo pan-africano para conduzir este processo ficará no país o embaixador e ex-ministro dos negócios estrangeiros nigeriano, Oluyemi Adeniji, que terá a tarefa de continuar a oferecer a sua ajuda no caso de surgir problemas nos próximos dias e semanas na aplicação do "Acordo nacional de reconciliação", assinado pelas duas partes.

Uma semana histórica para o país
Esta será uma semana histórica para o país. Na próxima quinta feira reabrirá o novo parlamento do país para votar e aprovar as mudanças constitucionais contidas no acordo assinado na semana passada. Nele, criar-se-á o cargo de primeiro ministro e dois vice primeiros ministros, bem como a aprovação da distribuição das várias pastas ministeriais entre os dois partidos da coligação. Terá de ser um texto muito claro e conciso para que não corra o risco de ser chumbado pelo parlamento. Assim, estes dias serão de muita importância nas negociações entre os dois partidos no sentido de propôr alterações e emendas à constituição que sejam o mais possível claras e passivas do maior consenso. Neste contexto, será o actual procurador geral da república, Amos Wako, bem como os seus colaboradores quenianos, a redigir a proposta do texto constitucional para ser aprovado.

Violência no oeste do país
Segundo a BBC que cita fontes policiais quenianas, pelo menos 12 pessoas terão morrido esta noite no oeste do Quénia devido a confrontos por causa da posse de terra.
Dez casas terão sido incendiadas e algumas pessoas queimadas vivas, enquanto que outros foram atingidos mortalmente, disse o porta-voz da polícia Eric Kiraithe.
Não é ainda claro se os confrontos desta noite estarão ligados à violência pós-eleitoral que vitimou 1500 pessoas já este ano.
A crise política reacendeu os já antigos problemas da distribuição de terras bem como disputas económicas em várias partes do Quénia.
Polícias armados foram deslocados para o local (área de Monte Elgon) na perseguição dos atacantes mas apreensões ainda não foram efectuadas.
As disputas entre as comunidades rivais Sabaot e Soi (ambas Kalenjim) já duram há mais de um ano.
Disputa de terras no país é um dos assuntos a ser trabalhados pelas equipas de negociadores entre o governo e oposição que deveriam recomeçar hoje em Nairobi, um dos assuntos de longo prazo da agenda proposta por Kofi Annan no início do processo negocial.

Fontes: MISNA e BBC

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