terça-feira, março 18

Missionário português ferido em Moçambique

O Ir. João Gonçalves, missionário português da Sociedade Missionária da Boa Nova (SMBN), foi ferido num assalto à missão católica de Chiúre, em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, durante o qual foi morto um segurança moçambicano.
O Pe. Albino dos Anjos, superior Geral da SMBN, manifesta à Agência ECCLESIA a sua preocupação, condenando o ataque contra a missão e "lamentando profundamente a morte de um cidadão moçambicano", que desempenhava as funções de guarda."
Obviamente, estamos muito preocupados com a situação do nosso colega, porque o atentado físico contra a sua integridade foi grave, foi um assalto violento, no qual realmente sentimos a nossa fraqueza perante esse tipo de criminalidade", aponta.
O actual Geral da SMBN foi missionário no Chiúre durante mais de dez anos. Segundo este responsável, o assalto terá sido levado a cabo por quatro indivíduos, com o objectivo de "roubar uns painéis solares".
O Pe. Albino dos Anjos espera que as autoridades moçambicanas "possam desenvolver a investigação, de forma a responsabilizar" os autores do ataque.
Segundo a agência Lusa, o Ir. João Gonçalves, de 78 anos, está agora "fora de perigo" no Hospital Central de Maputo, mas vai ainda ter que ser submetido a intervenções cirúrgicas.
O Superior Geral da SMBN considera que o trabalho dos missionários em Moçambique irá continuar, para "servir o povo", "mantendo a serenidade e a confiança, ainda que com sofrimento" e "superando as adversidades que vão surgindo".
"Isto não nos assusta, mas é claro que estamos preocupados", acrescenta.Para o Pe. Albino dos Anjos, esta é uma situação sem ligação a "atentados contra missionários que trabalham em diversas províncias de Moçambique", mas insere-se num "tipo de criminalidade emergente no país", perante a "incapacidade governamental de oferecer condições de emprego" aos jovens.
"Esta situações não acontecem por acaso, há causas conhecidas, e esperamos que todos os intervenientes da sociedade possam ter uma atitude positiva e preventiva", conclui.
Em Novembro de 2006 foi assassinada em Moçambique a portuguesa Idalina Gomes, uma leiga missionária que se encontrava a trabalhar na Missão da Fonte Boa, situada numa zona remota da província de Angónia, a mais de 200 quilómetros de Tete, capital da província com o mesmo nome, junto da fronteira com o Malawi. Estava ao serviço da Organização "Leigos para o Desenvolvimento". A jovem missionária morreu na sequência de um ataque levado a cabo por um grupo armado, na residência jesuíta onde se encontrava. Na ocasião foi ainda assassinado o Pe. Waldyr dos Santos, brasileiro de 69 anos, tendo ficado feridos outros dois religiosos.

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segunda-feira, março 3

Quénia: Annan deixa Nairobi, confrontos no oeste do país

O enviado da União Africana (UA), Kofi Annan, deixou ontem o Quénia depois de ter concluído a sua missão de mediador entre o presidente Mwai Kibaki e o líder da oposição Raila Odinga e de estes terem assinado na quinta feira passada um acordo para criar um governo de coligação, pondo fim à crise pós-eleitoral que lançou o país na instabilidade por quase dois meses. Na última noite, registaram-se confrontos no oeste do país que provocaram pelo menos 12 mortos.

À partida
No momento da partida, Kofi Annan disse que esta "era a hora de mútuas saudações" pelos sucessos alcançados. O ex-secretário geral da ONU tinha chegado ao páis no dia 22 de Janeiro último para liderar um grupo de negociadores de alto nível da UA. "Estou muito contente, disse, pelo que conseguimos, mas está ainda por percorrer um longo caminho e espero que todos vós vos empenhareis no sucesso deste caminho. Todos queremos que o Quénia retorne à estabilidade, à paz, prosperidade e acolhimento."
Annan assegurou que continuará a seguir o processo político do país e que está disposto a voltar se tal fosse necessário. Dos mediadores enviados pelo organismo pan-africano para conduzir este processo ficará no país o embaixador e ex-ministro dos negócios estrangeiros nigeriano, Oluyemi Adeniji, que terá a tarefa de continuar a oferecer a sua ajuda no caso de surgir problemas nos próximos dias e semanas na aplicação do "Acordo nacional de reconciliação", assinado pelas duas partes.

Uma semana histórica para o país
Esta será uma semana histórica para o país. Na próxima quinta feira reabrirá o novo parlamento do país para votar e aprovar as mudanças constitucionais contidas no acordo assinado na semana passada. Nele, criar-se-á o cargo de primeiro ministro e dois vice primeiros ministros, bem como a aprovação da distribuição das várias pastas ministeriais entre os dois partidos da coligação. Terá de ser um texto muito claro e conciso para que não corra o risco de ser chumbado pelo parlamento. Assim, estes dias serão de muita importância nas negociações entre os dois partidos no sentido de propôr alterações e emendas à constituição que sejam o mais possível claras e passivas do maior consenso. Neste contexto, será o actual procurador geral da república, Amos Wako, bem como os seus colaboradores quenianos, a redigir a proposta do texto constitucional para ser aprovado.

Violência no oeste do país
Segundo a BBC que cita fontes policiais quenianas, pelo menos 12 pessoas terão morrido esta noite no oeste do Quénia devido a confrontos por causa da posse de terra.
Dez casas terão sido incendiadas e algumas pessoas queimadas vivas, enquanto que outros foram atingidos mortalmente, disse o porta-voz da polícia Eric Kiraithe.
Não é ainda claro se os confrontos desta noite estarão ligados à violência pós-eleitoral que vitimou 1500 pessoas já este ano.
A crise política reacendeu os já antigos problemas da distribuição de terras bem como disputas económicas em várias partes do Quénia.
Polícias armados foram deslocados para o local (área de Monte Elgon) na perseguição dos atacantes mas apreensões ainda não foram efectuadas.
As disputas entre as comunidades rivais Sabaot e Soi (ambas Kalenjim) já duram há mais de um ano.
Disputa de terras no país é um dos assuntos a ser trabalhados pelas equipas de negociadores entre o governo e oposição que deveriam recomeçar hoje em Nairobi, um dos assuntos de longo prazo da agenda proposta por Kofi Annan no início do processo negocial.

Fontes: MISNA e BBC

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