Imagens por mil palavras
Etiquetas: Animação Missionária, Baptismo, Combonianos, Kacheliba, Missionários, North Pokot, Quénia
"Deus é Amor!" é a tradução do nome deste blog en swahili, língua oficial do Quénia, onde vivo desde Novembro 2008 e vivi entre 1997 e 2002. No mundo de hoje, onde Deus está associado tantas vezes a fanatismo e a algo que só diz respeito a cada pessoa, é necessário gritar bem alto que Deus só sabe AMAR. Assim é o Deus de Jesus Cristo, o Deus dos Muçulmanos ou até mesmo Tororot, o Deus do povo Pokot do Quénia. Porque afinal... é de AMOR verdadeiro que o mundo hoje mais necessita...
Etiquetas: Animação Missionária, Baptismo, Combonianos, Kacheliba, Missionários, North Pokot, Quénia
Esta é uma situação mais comum do que seria desejável em Pökot. Os seus pais retiveram-na na sua boma (palavra swahili para designar casa da família). Preparavam-na para ser a terceira mulher de um dos amigos do seu pai, um homem com uma idade acima dos 50 anos de idade. Para poder ser dada em casamento, deve primeiro ser submetida à circuncisão. Esta tradição está muito enraizada nesta cultura Pökot, mesmo que proibida pela lei do país. Trata-se da excisão do clitóris e dos lábios maiores das partes genitais da mulher. É efectivamente chamada “mutilação genital feminina”. Depois de ser circuncidada, a Helena seria entregue ao seu marido. Em troca, o pai da Helena receberia uma quantidade específica de vacas e cabras acordada entre o pai da Helena e o seu amigo. Normalmente, o dote pode variar entre 10 a 20 vacas e 5 a 10 cabras que são pagas ao pai da “noiva”. Obviamente que em toda esta saga, a Helena nunca disse sequer uma palavra ou emitiu qualquer opinião!
É necessário actuar depressa
Há cerca de duas semanas, foi-nos comunicado que as tentativas de resgate da Helena falhavam. Normalmente procura-se envolver os chefes locais para pôr em prática a lei. Os pais não podem reter e retirar as suas filhas da escola antes de terminar a escola primária. Parece que nem mesmo o chefe da aldeia estava a fazer bem o seu papel. Daí que decidimos apresentar o caso à polícia local. No dia seguinte, sábado, logo pela manhã decidimos visitar a boma e tentar resgatar a Helena. Comigo ia o chefe da polícia, a directora da escola onde a Helena estuda e a Irmã Cyprian, sua professora e irmã missionária aqui em Kacheliba.
Boas notícias
À nossa chegada não encontramos ninguém na boma à parte dos 2 ou 3 filhotes mais novos, irmãos da Helena. Tudo nos fazia parecer que foram avisados antes da nossa chegada. Ter-se-ao escondido e desaparecido de casa à pressa. Procuramos perguntar pela Helena. Não havia lugar onde poderia a encontrar. E os vizinhos tão pouco pareciam querer colaborar. Regressámos de mãos a abanar. Mas nem tudo eram más notícias: a Helena estava ainda em casa. Não tinha ainda sido circuncidada nem entregue ao seu marido. Mas o tempo não jogava a nosso favor... Sabendo que tínhamos procurado a Helena, os seus pais poderiam apressar as “coisas”. Não fiquei convencido! E decidimos, regressar nesse mesmo dia já com ao anoitecer. Certamente que não esperavam que regressáramos nesse mesmo dia. E muito menos já de noite. O factor surpresa poderia jogar a nosso favor...
“Padre, pode levar a vossa menina!”
Às 8 da noite chegávamos à boma da família da Helena. De novo eu, o chefe da polícia e a Irmã. Ao entrarmos na boma, um dos irmãos mais velhos da Helena imediatamente nos recebeu parecendo agradado com a nossa chegada. “Padre, nós concordamos em que leve a vossa menina!” - disse. “Vossa menina?!” – perguntei admirado. É que a ideia é que uma vez que a Helena é apoiada nos estudos pela nossa paróquia de Kacheliba, a Helena passou a ser “nossa” da missão! Respirei fundo ao saber que o pai não estava em casa. Com algum custo, sentámos-nos e conversámos por uma boa meia hora com os familiares e os vizinhos. Tentávamos explicar que a Helena tem o direito de terminar a escola primária e que não pode ser impedida de receber a sua educação desta forma. Aí, foi-nos dita a razão pela qual o pai queria “casar” a Helena: queria uma terceira mulher para ele! Ao conseguir os animais do dote da Helena, teria o suficiente para uma terceira mulher!
“Voltei a sentir gosto por viver!”
Conseguimos regressar com a Helena nessa noite. No regresso, a Helena disse-nos que a sua entrega ao que viria a ser seu marido estava programada para daí a dois dias. Tudo estava programado! A Helena não se cansava de nos agradecer: “Via a minha vida já sem sentido...” – disse. “Eu quero terminar a escola primária e fazer os meus estudos, mas os meus pais só pensavam nos animais que poderiam receber ao entregar-me ao amigo do meu pai! Sinto que agora a minha vida voltou a ter sentido!”
No dia seguinte, domingo, celebrei a missa nessa capela. No final da missa, o pai da Helena quis tirar satisfações, tendo mesmo ameaçado um dos locais que nos ajudou a chegar à boma da Helena. Estava muito zangado o pai da Helena. Estava surpreendido, pois este senhor tinha mesmo sido um pastor local da Igreja Luterana... quando tomou a segunda mulher teve que deixar esse serviço na sua Igreja. Como pode alguém ter até sido pastor protestante, com alguns estudos e ainda assim comportar-se deste modo? Toda a comunidade local o condenou pela sua maneira de actuar. Se continuar assim a proceder, certamente que será aplicada a lei e poderá mesmo ser preso por contrariar a disposto na lei em defesa das crianças. A Helena está agora em segurança aqui na missão, pois nem mesmo nas férias poderá regressar a casa. O risco de ser de imediatamente tomada para ser casada é grande...
Para mim, toda esta saga, e sobretudo as palavras da Helena, ajudam-me a entender como a Ressurreição de Jesus continua a acontecer hoje, e concretamente também aqui em Pökot. A Helena sentia que a sua vida tinha perdido todo o sentido, já não valia sequer a pena viver. Agora ela voltou à Vida, voltou a sorrir e a sentir que vale a pena viver. Tal como o escreve S. João, Jesus veio para que tenhamos vida e vida em abundância (Jo. 10,10). Também aqui essa Vida e essa Vida Nova da Sua Ressurreição continua a acontecer!
Etiquetas: Animação Missionária, Circuncisão, FGM, Missão, Missionários, North Pokot, Quénia, Tribo Pokot
Car@s Amig@s:
Um abraço desde terras Pökot, Kacheliba – Quénia, Africa!
Partilho convosco uma actividade levada a cabo pelo grupo de Jovens Utrilho. Se puderes participa! Se não puderes, partilha com os teus contactos! Se não puderes partilhar com os teus contactos... REZA por esta realidade!
Um abraço amigo!
Por favor lê o texto que vai abaixo. LÊ – MEDITA – DECIDE – ACTUA!
PROGRAMA:
Dia 14 de Outubro, sexta-feira – 21:00h – Concerto Solidário – Local: Casa do Cruzeiro de Cesar – “Banda Missio” e “Jovens in Missio”
Dia 15 de Outubro, sábado – 21:00h – Colóquio “Um Sonho de Menina” com a participação especial da Jornalista da TVI Conceição Queiroz – Local: Salão Paroquial de Nogueira do Cravo
Dia 16 de Outubro, domingo – 15:30h – Filme “Flor do Deserto” – Local: Salão Nobre da Junta de Freguesia de Nogueira do Cravo
Dia 14, 15 e 16 de Outubro – Exposição Permanente de Quadros Relacionados com a problemática e a construção da Escola – Local: Salão Nobre da Junta de Freguesia de Nogueira do Cravo
Dado este facto, abraçamos esta causa, mostrando o projecto da construção de uma Escola Secundária Feminina “Holy Trinity Girls Secondary School”. Esta escola surge com o intuito de educar e formar as raparigas de Kacheliba (Pökot Norte – Quénia), para que percebam todas as consequências que advêm desta prática.
Visto isto convidamo-vos a participar no nosso projecto, para que possam perceber esta realidade, e se sinta como parte integrante de uma comunidade activa no combate à mesma. Refira-se ao programa acima apresentado.
Por último, alimenta-se a esperança que a sensação de desconforto que este projecto transmite a cada um de nós se possa metamorfosear em capacidade de pressionar a mudança. Capacidade tão mais desejável quanto maior for o exercício da nossa liberdade e cidadania.
A vossa colaboração na divulgação deste projecto é essencial para o sucesso do mesmo. Assim, agradecemos que, numa primeira fase, divulguem o projecto e, posteriormente, se for do vosso interesse façam uma cobertura do mesmo.
Sem mais de momento, e esperando que amavelmente compareçam e nos apoiem, apresentamos os nossos melhores cumprimentos.
Finalmente... o dia do meu baptismo
Ao aproximar-se o Domingo da Ressurreição de Jesus, são muitas as actividades na missão de Kacheliba. Uma das actividades é o curso de formação final para os catecúmenos. Realizou-se na semana passada em 3 locais da nossa (extensa!) paróquia. Aqui no centro da missão cerca de 80 adolescentes e jovens receberam as últimas instruções preparatórias para o Baptismo. Ao todo, em toda a paróquia, são mais de 170 adolescentes, jovens e adultos que serão baptizados neste tempo Pascal. Estes catecúmenos finalizaram um programa de catequeses de 2 anos e vêem agora o dia do seu baptismo chegar. É grande a alegria estampada no rosto de muitos destes catecúmenos... percebe-se que receber o Baptismo significa algo importante para as suas vidas.
Algumas das adolescentes catecúmenas
Junto dos que ainda não O conhecem
O meu tríduo Pascal este ano foi realizado numa das nossas capelas mais antigas da Missão chamada Kodich. Fica a uns 30km norte do centro Kacheliba. Ali tínhamos um grupo de 48 catecúmenos no curso final de preparação para o Baptismo. Desde 4ª feira até sábado receberam as últimas catequeses. Na 5ª feira santa presidi à Última Ceia do Senhor e 4 adolescentes receberam a comunhão pela primeira vez. Tinham sido baptizados quando eram bebés. Obviamente que antes da celebração receberam o sacramento da Reconciliação (pobremente apenas conhecido como “confissão” por muitos!). Um deles, um jovem já crescido, não comunicava sequer em swahili. Só mesmo a língua local Pökot. Já imaginam... eu já “pesco” umas coisas da língua local, mas escutar a sua confissão foi de facto um acto de fé da minha parte! Aliás, não é a primeira vez que isso me acontece.
Depois da celebração passamos o filme sobre a vida de Jesus ao ar livre. São muitas as pessoas, cristãos e não cristãos, que comparecem. Claro que a electricidade essa só mesmo com o gerador. Mas... (in)felizmente passada cerca de 1 hora chegou uma surpresa: a chuva! Chuva aqui é sempre uma benção até porque este ano ainda não tinha chovido. Porém... toda a aldeia em peso teve que “fugir”. E a chuva, sempre tão abençoada nestas paragens, acabou por estragar a “festa”. Mas havia mais no dia seguinte...
Na sexta feira santa a celebração da adoração da Cruz começou às 3 da tarde. Pelo meio a Via Sacra que foi percorrida nas ruas da aldeia. E que forma mais eficaz de anunciar a Morte e Ressurreição de Jesus. No regreso à capela eramos já quatro vezes mais pessoas na capela! Seguiu-se o filme da paixão de Cristo. Desta vez fomos acolhidos no salão da escola primária recentemente construído. Veio de novo a chuva mas desta vez estavamos bem acolhidos. Vários cristãos me disseram que nessa noite não ficou ninguém em casa em toda a aldeia. Não os contei mas deveriam ser seguramente mais de 300 pessoas!
O sábado Santo foi o culminar das celebrações... sempre muito adaptadas à realidade local pois claro! 15 baptismos: 10 adolescentes e 5 mulheres adultas. Confesso que a alegria, a concentração e a profundidade de alguns destes neófitos deixaram no meu coração um sentimento de que Deus toca de verdade a vida destas pessoas. Mas nem as quase 5 horas de celebração cansaram esta gente. O filme desta vez foi sobre S. Pedro e os primeiros cristãos após a ressurreição de Jesus. Foi pena que quase a acabar o filme o meu gerador ficou sem “zagolina”! Nada a fazer... ainda assim já cheguei a casa quase às 3 da manhã – contente por Deus me dar a oportunidade de ser sua testemunha da Ressurreição junto deste povo.
Liturgias mais ou menos litúrgicas
Devo confessar que as liturgías entre este povo que apenas começa a conhecer Jesus, são tudo menos “ao pé da letra e da rúbrica”! O silêncio, parte tão fundamental da litúrgia para a assimilação do que se celebra é algo que aqui fica um pouco de lado. Para o Pökot tudo o que se relaciona com Töroröt (Deus para este povo) significa entrar na esfera da celebração. Não quer isto dizer que as celebrações deixam de ser menos vividas, menos sentidas. São apenas e essencialmente diferentes. São o espaço de expressão alegre do que acreditam desde há séculos. São sentimentos tradicionais depois trazidos para a liturgia cristã. Com mais ou menos silêncio, com mais ou menos incenso, com mais ou menos ordem e regras litúrgicas, a Ressurreição de Jesus entrou já na vida e no coração de vários cristãos Pökot. É a força da Vida, da Boa Nova da Ressurreição que renova e faz novas todas as coisas em Cristo.
Etiquetas: Animação Missionária, Dia Mundial das Missões, Kacheliba, Kenya, Missão, Missionários, North Pokot, Quénia, Tribo Pokot
Etiquetas: Animação Missionária, Kacheliba, Kenya, Missão, Missionários, Natal, North Pokot, Quénia
Etiquetas: Animação Missionária, Dia Mundial das Missões, Kacheliba, Kenya, Missão, Missionários, Outubro Missionário, Quénia
Momento da chegada à paróquia
Tempo de muita comunhão e sentido de missão
Durante estes dois ultimos meses foram muitos os testemunhos de pessoas que me falavam de um carinho e compromisso muito grande à missão. Não a mim... não! À missão pois ela é a que fala mais alto.
Foram também dois meses de intensos e renovadores encontros. Desde logo a celebração do matrimónio entre o meu irmão e a minha cunhada. Foi um dos momentos mais bonitos e profundos que jamais senti na minha vida sacerdotal e missionária: ser instrumento de Deus para que Ele, e não eu, mas Ele, abençoasse aquele amor que d'Ele nasceu no coração destes dois seus amigos, que no fundo são sangue do meu sangue!
Celebrações de baptismos que tinham até sido já marcados antes dos meninos nascerem...
Visitas a e de amigos que o tempo não apaga...
Encontros missionários mais programados ou nem tanto assim... Festa Missionária na Maia, encontro Jamborii dos Escuteiros de Nogueira do Cravo... enfim... um sem número de momentos de partilha missionária.
Mas apesar de tudo, sentir e presentir que esse Deus de Amor Incondicional continua a actuar na vida de tantos amigos e amigas, familiares, juventude... são tantos esses sinais! Obrigado a todos e em especial a um grupo muito bonito que sempre vive a missão com o coração - UTrilho!!!! Sois de facto espectaculares!
O regresso de coração cheio e também preocupado
Não foi fácil regressar aqui onde Deus me chama... por um lado a alegria de voltar para o meio daqueles que são os que Deus escolheu para eu crescer na fé junto deles; por outro lado várias situações de doenças e complicações da vida de alguns familiares e amigos... Situações que continuam no meu coração e nas minhas orações. Mas a vida é assim mesmo... e também a missionária não foge à regra! Muitos foram aqueles que não pude visitar como desejaria, como seria bom... mas ainda assim sei que nunca nós missionários estamos sós! Somos apenas e tão simplesmente servos inúteis (mesmo que felizes!) d'Aquele que nos envia.
A todos o meu bem-haja! Não há palavras para poder expressar tanto carinho, tanta proximidade, tanto amor para comigo e para com a missão. Agora é regressar ao dia a dia da Missão sempre com os seus grandes desafios, as também com todas as bençãos de Deus... essas bila shaka (swahili para "de certeza") nunca faltarão!
Um bom domingo do Dia Mundial das Missões 2010... Até breve já por terras Pokot!
Etiquetas: Animação Missionária, Dia Mundial das Missões, Kenya, Missão, Missionários, North Pokot
Etiquetas: Direitos Humanos, Mundial Futebol 2010, Serviço aos pobres